FIRE em 10 anos – O meu plano

O meu plano para a independência financeira em 2031, daqui a 10 anos, foi traçado seguindo o passo-a-passo que partilhei aqui.

Para traçar o roteiro é necessário conhecer a situação atual, o estilo de vida que se pretende ter na fase de reforma e o tipo de investimentos que se está disposto a fazer.

OS MEUS NÚMEROS

Situação atual (2021)

Rendimentos – 27.200 €

  • Salário: 24.500 €
  • Renda Extra: 1.800 €
  • Reembolso IRS: 900 €

Despesas – 12.040 €

  • Despesas mensais normais: 8.040 € (670 €/mês)
  • Despesas anuais: 4.000€ (viagens, presentes, despesas com o carro, etc)

Poupança – 15.160 €

  • Investimento mensal: 1.263 €

Networth: 49.000 € (novembro de 2021)

Valor FIRE

O valor FIRE estimado à data de hoje, tendo em conta a minha estratégia de proteção, é de 324.000 €.

300.000 € estarão investidos e 24.000 € serão a almofadinha para me salvar de crises e quedas no mercado e estarão, portanto, paradinhos em produtos de risco mínimo.

O MEU PLANO

O meu ponto de partida, essencial para traçar qualquer plano, é:

  • zero dívidas
  • perfil de investidor arriscado
  • fundo de emergência de 3000 € criado
  • zero objetivos a curto/médio prazo que exijam planeamento financeiro (não tenho plano de comprar casa, carro, etc)
  • poupança média mensal de 1263 € 100% alocada ao objetivo FIRE

Com base no meu perfil de investidor e gostos pessoais, decidi que a distribuição do meu portefólio seria a seguinte:

Em dinheiro tenho apenas o fundo de emergência, com o único objetivo de dormir descansada (não espero qualquer retorno). Esta percentagem irá ser cada vez mais pequena à medida que o networth aumentar, porque o valor é fixo e igual a 3000 €.

No PPR invisto o valor suficiente para ter o máximo reembolso no IRS e considero um retorno médio de 5,5%, com base nos valores históricos.

Em criptomoedas tenho no máximo 10% do meu portefólio e estimo um retorno de 10% (atualmente é bastante superior, mas é necessário contar com os ciclos e com a estabilização de preços).

P2P ocupa 30% do meu portefólio, com retorno médio esperado de 10%.

Os ETFs de ações são o maior ativo do meu portefólio, com 50% do seu valor total, e um retorno esperado de 10% (com base em valores históricos).

Tendo em conta a distribuição do portefólio e as rentabilidades assumidas, o retorno esperado do meu portefólio é de 9,3%.

Assumindo inflação de 2%, o retorno efetivo esperado nestas condições é de 7,3%.

ATINGIR O OBJETIVO

Para saber o valor futuro dos nossos investimentos tendo em conta uma determinada taxa de retorno, podemos fazer o cálculo numa folha de Excel ou então usar um simulador online.

Com um valor de partida de 49.000 € e reforços posteriores de 1.263 € por mês, o valor resultante ao final de 10 anos com retornos médios de 7,3% é de 323.765 €.

Os valores futuros dependem do retorno do mercado, que não é garantido. Um retorno de 9,3% resultaria num valor acumulado de 372.409 € em 10 anos enquanto que um retorno de 5,3% significaria apenas 282.504 € em 2031.

Há muitas suposições neste plano. O dinheiro que vou conseguir poupar, o retorno do mercado, o estilo de vida que irei ter daqui a 10 anos… Os prazos podem ser diferentes para desvios em cada uma destas categorias:

  • Retorno de investimentos 2% superior: FIRE 1 ano antes
  • Retorno de investimentos 2% inferior: FIRE 1,5 anos depois
  • Poupança mensal 200€ superior: FIRE 1 ano antes
  • Poupança mensal 200€ inferior: FIRE 1 ano depois
  • Despesas mensais no FIRE 200€ inferiores: FIRE 1,5 anos antes
  • Despesas mensais no FIRE 200€ superiores: FIRE 2 anos depois

Estas alterações mudam o prazo no máximo 2 anos para a frente ou para trás. Nada dramático!

Relembro que para a reforma ser antecipada basta conseguir chegar lá um ano antes! Eu estou a programar tudo para 30 anos antes, por isso era preciso uma desgraça muito grande para falhar neste objetivo. Mesmo que saia tudo bastante ao lado, continuo com muita margem de manobra para me conseguir reformar antecipadamente 😜

DA TEORIA À PRÁTICA

Ok, o plano teórico está feito. O que fazer a seguir?

  1. Abrir conta nas corretoras/bancos que têm disponíveis os ativos nos quais queremos investir
  2. Investir mensalmente o montante definido, de acordo com as percentagens escolhidas
  3. Continuar todos os meses durante 10 anos

A prática não é tão linear como a teoria.

O investimento mensal nem sempre será o mesmo. Há meses em que recebemos o subsídio de natal e temos mais dinheiro disponível para investir e outros em que temos de pagar a revisão do carro e poupamos apenas metade do habitual.

O retorno dos investimentos considerado nas simulações é um valor médio, o que significa que haverá anos em que será 30% positivo e outros em que será 20% negativo.

Por todas estas variáveis, haverá alturas em que estaremos abaixo das previsões e outras em que estaremos acima. O importante é manter a consistência e seguir o plano, independentemente do ruído de fundo.

So far so good!

BONS INVESTIMENTOS!

Disclaimer: A autora do blog Dama de Ouros não fornece recomendações ou aconselhamento financeiro. Todo o conteúdo presente neste blog tem apenas fins informativos e educacionais, sendo qualquer decisão de investimento da responsabilidade do leitor.

8 thoughts on “FIRE em 10 anos – O meu plano

  1. Olá, parabéns por todo o conteúdo.

    Relativamente ao dinheiro em cash que tencionas usar após atingido o FIRE, como o alocas exactamente? Por um lado dizes que tens apenas 3k de FE durante a jornada FIRE (e apenas 5% do teu networth em dinheiro), alem de, aparentemente, investires toda a poupanca mensal. Mas por outro lado referiste que tencionas usar poupanca apos o FIRE ate por forma a “abater” o impacto dos impostos sobre os rendimentos dos ativos financeiros quando comecares a retirar dividendos. Como, entao, chegas a um valor elevado de cash apos o FIRE? Pergunto porque tambem estou a procurar uma logica para mim 🙂 Tenho FE criado para eventualidades durante a jornada FIRE, mas estou a pensar se nao crio outro fundo (ou alimento o que ja tenho) de maneira a que, atingido o FIRE, nao tenha somente o FE que criei no passado + ativos financeiros para distribuir.

    Obrigado e parabens!

    1. Olá!

      Sim, neste momento tenho apenas 3.000€ em dinheiro. Mas o FIRE ainda está a 8 anos de distância, portanto não faz sentido ter mais que isso neste momento.
      O que farei é: quando estiver mais perto do FIRE, poupar o valor necessário de FE. Mas isso só tipo em 2028, ou coisa do género.

      Não percebi a parte dos impostos. Como assim, usar a poupança para abater impostos?

      1. Obrigado! Quando disse “abater impostos” referia-me à estrategia de usar, tambem, dinheiro vindo do FE, e nao 100% vindo de ETFs distributivos – para cobrir as despesas quando estiveres em FIRE. Isto porque, como disseste, se dependesses 100% dos rendimentos de aplicaçoes financeiras, pagarias tributacao à saida para esses 100%. Usando o FE para cobrir 50% das despesas em FIRE, esse impacto dos impostos é “abatido” 🙂

        Bons investimentos!

        1. Hmm, mas então expressei-me mal porque não foi isso que quis dizer nem é o que pretendo fazer!

          O dinheiro é a almofadinha para ser usada, por exemplo, no caso de uma queda de mercados. Não é para utilizar no dia-a-dia, mas sim um mecanismo de proteção contra crises.
          Quando digo que não se paga impostos sobre 100%, é porque quando se vende por exemplo um ETF de acumulação, só se paga impostos sobre as mais valias. Se vendo um ETF por 1000€ e foi comprado por 700€, então as mais valias são só sobre 300€.

          Espero ter esclarecido a confusão! 🙂

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