Breaking news: Quem quer o FIRE não está na média

Esta semana foi publicado um artigo na revista Sábado para o qual fui entrevistada. A independência financeira e reforma antecipada chegou à capa de uma revista de renome generalista, yeiii!

Está aí, canto superior esquerdo 🔥

Podemos com isto entender que o FIRE começa já a ser uma coisa normal em Portugal, quase mainstream até. Toda a gente fala disso, todos os dias surgem novas páginas no instagram de entusiastas do movimento, e até já aparecemos nas revistas.

Hmm, não é bem assim. Isto só é verdade dentro da nossa bolha. Porque seguimos páginas deste tipo, o algoritmo sugere-nos outras semelhantes. Continua a ser algo completamente fora da caixa e que 99% da população não entende, não quer descobrir e em alguns casos até repudia.

O artigo

Neste artigo foram entrevistadas 4 pessoas. A Inês, o David Almas e duas pessoas que partilham anonimamente a sua jornada no Instagram: eu – FIRE.PT – e a Poupança_e_gestão.

Eu falei da minha experiência com o FIRE. Como surgiu na minha vida, o que mudei desde que descobri o movimento e partilhei a maior arma que tenho do meu lado no que toca à gestão financeira: gastar no que valorizo e rejeitar por completo o que não me agrega felicidade. Não valorizo roupa nem jantares caros, por isso minimizo estas categorias de despesas, por outro lado adoro viajar, e em 2022 visitei a Noruega, México, Croácia e Espanha.

Falei dos meus investimentos e do meu número FIRE – o valor que tenho de ter investido para deixar de necessitar de rendimentos ativos para viver a vida que quero. Fechei com a descoberta recente do FIRE Flamingo, que, à data de hoje, é o que estou a perseguir.

Os outros três entrevistados deram a sua visão do movimento e partilharam a sua experiência pessoal. Cada um com situações e envolvências diferentes, porque somos pessoas diferentes. Não há uma história igual.

Os comentários

Quando me perguntam o que vou fazer no FIRE com tanto tempo livre… Eu sei o que NÃO vou fazer: abrir/ler/comentar notícias no facebook.

O que é que se passa com estas pessoas? Não têm hobbies? Eu não estou sequer a questionar se concordam ou não com o que está escrito, isso é direito de cada um. Mas perder tempo a criticar títulos de notícias? Se for para isso, realmente mais vale trabalhar 😅

Vou partilhar algumas pérolas que encontrei. São os primeiros, porque não quis gastar mais que 5 minutos da minha vida com isto.

Houve quem, depois de ver isto, me desejasse boa sorte e me mandasse uma forcinha para lidar com isto, e eu agradeço do fundo do coração.

Mas, a sério, eu estou bem. Estou a viver a vida exatamente de acordo com os meus princípios e a fazer diariamente o necessário para construir o futuro que quero ter. Eu estou bem, felizmente não vejo isto como um ataque pessoal nem nada do género.

O que eu acho é que quem precisa de sorte e de todas as orações do mundo são estas pessoas: têm o ouro na mão e escolhem ignorá-lo, porque é demasiado brilhante.

Felizmente não fui assim, e sei que tu que estás a ler isto também não o és!

Foi precisamente no blog da Inês (sim, esta Inês 👇) que li pela primeira vez sobre investimentos, sobre independência financeira e sobre reforma antecipada. Nem sequer imagino como é que a reação perante informação tão valiosa pode ser negativa! Eu devorei todas as palavras, assimilei todo o conhecimento e fui procurar mais a outras fontes.

Não rejeitei, agradeci. Pensei: oh-meu-deus-como-é-que-não-descobri-isto-antes! E depois pus mãos à obra e decidi que eu também o iria conseguir.

Viver convicto de que a nossa realidade é a única que existe e que a nossa situação atual é o melhor que alguma vez conseguiremos é limitador. É a pior coisa que podemos fazer a nós próprios.

Melhor sonhar alto e traçar objetivos “irrealistas”, que nem nós próprios sabemos ainda como atingir, do que ficar preso ao “a vida é isto e não há nada a fazer, os outros conseguem porque A, B e C”.

Quem quer o FIRE não está na média

É claro que o FIRE não é para todos:

  • Primeiro, é preciso saber que existe (pequena percentagem da população – só descobri em 2019);
  • Depois disso, é preciso querer saber mais (pequena percentagem dos que se cruzam com a informação, basta ver os comentários);
  • Por fim, é preciso viver fora da caixa e fazer o necessário (pequena percentagem dos que querem passam da teoria à prática).

Obviamente, a realidade das pessoas que foram entrevistadas no artigo é muito diferente da média de Portugal. O nível de literacia financeira nem se compara – pessoas que gostam de finanças vs país em último no ranking na Europa. As ações que cada um de nós toma na sua vida também são diferentes dos que não querem o FIRE. Se para chegar o FIRE fosse só viver a vida como todos os outros vivem, acabávamos todos financeiramente independentes mesmo sem querer, certo?

E isto leva-me a outros comentários, que me foram enviados por seguidores queridos que disseram que me foram defender 🔥😜

Se eu quisesse escrever ficção, arranjaria um tema mais interessante do que despesas de supermercado.

É claro que eu não represento a realidade da maioria da população. Da mesma forma que não representaria se morasse no centro de Lisboa, ou no Algarve, ou se tivesse dois filhos ou se fosse astronauta.

Uma única pessoa nunca poderia representar a realidade de um país.

Muito menos uma pessoa que está empenhada em atingir o FIRE. Eu sou completamente diferente da realidade do país, e vejo isso como um elogio.

Já estive abaixo da média, já fui a média e a pouco e pouco afasto-me cada vez mais. Não é isto que todos queremos?

Os teus filhos são teus

Vou só aproveitar que estou bem lançada para abordar um tópico com o qual sou confrontada várias vezes. 🤣

Mas… não vives em Lisboa, eu vivo em Lisboa e não tenho essas rendas.

Mas… não tens dois filhos. Se tivesses filhos as tuas despesas eram outras.

Eu tenho a vida que quero ter, e que irá certamente mudar muito nos anos que hão-de chegar. E o mesmo acontece para todas as pessoas!

Como deverá ser fácil imaginar, eu não vou mudar-me para o centro de uma grande cidade nem trazer crianças ao mundo só para ser mais parecida com a pessoa que quer uma solução para a situação em que ela própria está.

Cada pessoa toma as suas decisões: onde vive, os filhos que tem, o que faz nos tempos livres, etc. E as consequências dessas mesmas decisões serão diferentes, claro.

Eu faço as minhas contas para o FIRE com base na minha realidade e é isso que aqui partilho. A única pessoa que se pode relacionar com os números que partilho é o meu namorado, porque vive na mesma casa que eu e divide as despesas a meias. Também é a única pessoa que não opina nestes assuntos publicamente, porque não tem redes sociais 😜

Para fechar

Por cada 100 pessoas que dizem “vai mas é trabalhar”, houve uma que descobriu o movimento FIRE e ficou fascinada com este mundo. Por essas pessoas, vale a pena continuar a divulgar estes temas e a falar sobre dinheiro e sobre liberdade.

Vamos ao post no instagram da Revista Sábado deixar o nosso 🔥, para saberem que queremos mais notícias destas. 🙌

Bora? 🔥

4 thoughts on “Breaking news: Quem quer o FIRE não está na média

  1. Temos algo em comum: também no meu caso, foi através da Inês Correia, mais concretamente depois de a ouvir na Prova Oral da Antena 3 que despertei para este mundo e que me fez querer saber mais e muito rapidamente. 🙂

    1. É engraçado como a mesma mensagem chega de forma tão diferente aos ouvidos das pessoas.
      Ainda bem que interpretamos dessa forma, hoje estamos aqui e cada vez mais perto dos nossos objetivos 🙂

  2. Agradeço por ser uma das pessoas que beneficio com a informação preciosa que partilhas. A mim serve-me de inspiração e motivação para a minha jornada rumo ao FIRE que descobri através de ti. Um muito obrigado!

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