Porque escolhi investir apenas no VWCE

Apesar de falar e pensar em dinheiro e investimentos todos os dias, o que na verdade me entusiasma é o que resulta da organização e cuidado das finanças pessoais.

  • Não são os mercados nem ativos financeiros 👉 é o poder do juro composto
  • Não é a escolha de ações individuais de empresas 👉 é a escolha de como passar cada segundo dos meus dias
  • Não é ter muito dinheiro 👉 é ter liberdade

Aprendi o mínimo necessário para poder investir e gerir as minhas finanças de forma independente. Todos os dias, por opção, leio ou ouço qualquer coisa que me acrescenta informação e me permite alargar horizontes. Converso com outras pessoas sobre o tema. Isto permite-me definir com cada vez mais certeza o que é, e o que não é, para mim.

Em altura alguma quis ficar refém dos investimentos. Ler relatórios de empresas, estar atento às políticas de cada país, perceber de que modo cada ocorrência do mundo afeta os ativos do meu portefólio… Isso nunca quis saber. Não é algo que me interesse e, não sendo prazeroso nem necessário, escolhi não fazer.

A minha estratégia

Desde início defini que investiria de forma totalmente passiva. Calculo no início de cada mês qual o valor disponível para investir, com base nos rendimentos e despesas desse mesmo mês. Antes de pagar seja o que for, pago-me a mim própria. Envio dinheiro para a plataforma em que compro cada um dos seguintes ativos e faço os respetivos investimentos, sem preocupações se está “caro” ou barato”:

  • ETFs diversificados, para estar exposta às maiores empresas de todo o mundo. Sempre na modalidade acumulativa, para otimizar a questão fiscal.
  • P2P fez parte do meu portefólio desde o início, e assim continuará porque gosto bastante deste ativo e também não me rouba qualquer tempo no dia-a-dia. Depois de analisar e testar cada plataforma, o investimento entra em modo cruzeiro e o único trabalho é reforçar.
  • Criptomoedas entraram recentemente para o meu portefólio. Aprendi o suficiente para me sentir confortável, mas não mais que o estritamente necessário.
  • PPR foi uma adição em 2020. Invisto anualmente 2000€, para obter reembolso fiscal de 400€ no IRS.

Dentro dos ETFs, investia em:

  • IWDA – ETF que segue o índice MSCI World, que engloba 85% das empresas públicas de 23 países desenvolvidos. Entre 2012 e 2022 teve uma rentabilidade média anual de 8,95%. À data de hoje acumula participações em 1512 empresas.
  • IEMA – Este ETF complementa o anterior porque segue o índice MSCI Emerging Markets, que engloba participação em 913 empresas de mercados em desenvolvimento. Entre 2012 e 2022 teve uma rentabilidade média anual de 0,89%.
  • SXR8 – ETF que segue o índice SP500, que engloba as 500 maiores empresas públicas dos Estados Unidos da América. Entre 2012 e 2022 teve uma rentabilidade média anual de 12,16%.
  • CNDX – ETF que segue o índice NASDAQ 100, que inclui as 100 maiores empresas não financeiras negociadas na bolsa NASDAQ Stock Market. Entre 2012 e 2022 teve uma rentabilidade média anual de 15,87%.

O IWDA e o IEMA são os únicos que não se sobrepõe. Já os CNDX, SXR8 e IWDA têm muitas empresas em comum. Isto significa que, ao comprar unidades de participação de todos eles, estou a decidir focar mais nas empresas dos ETFs mais específicos.

Neste caso, estou a preferir focar mais nas empresas do Nasdaq100 (que estão também no IWDA e no SXR8). Depois disso, prefiro focar mais nas americanas (que estão também no IWDA). Depois disso, tenho as restantes – outros países desenvolvidos que não EUA e países emergentes (através dos índices IWDA e IEMA, respetivamente).

Qual o motivo?

Uma espécie de stock picking. Acreditar que os mercados/países nos quais estou a focar mais vão bater os restantes, permitindo-me rentabilidades superiores às que teria se investisse apenas no fundo generalista mundial.

O problema

Apesar de, ainda assim, a estratégia ser passiva, continuava a ser mais ativa que o que pretendia.

Todos os meses, antes de investir, tinha de ver a evolução de cada um dos ETFs e reforçar de acordo com a distribuição que tinha mais ou menos definido. Mesmo que não fosse muito tempo – uns 10 minutos, no máximo – acrescentava um stress que não estava, muito provavelmente, a compensar os benefícios.

A solução

Este ano decidi que, no que toca a ações, passarei a investir exclusivamente no VWCE. Este ETF replica o índice FTSE All World, que inclui mais de 95% das empresas públicas de todo o mundo. À data de hoje tem na sua composição mais de 3700 empresas de 50 países desenvolvidos e emergentes.

O único índice mais diversificado que este é o FTSE Global All Cap, que além das mid e large caps inclui também empresas consideradas small caps. A versão ESG está disponível na Degiro (ticker V3AA). Tem mais de 5000 empresas na sua composição e custa menos de 5 € (Ok, descobri isto agora na pesquisa e fiquei indecisa entre os dois 😂).

Fun fact: A Galp, Jerónimo Martins e EDP Renováveis estão no índice FTSE All World.

Os ETFs que já tinha no portefólio manter-se-ão por lá. Não faria sentido vendê-los por questões fiscais, e também não deixei de acreditar que a estratégia era boa e fazia sentido.

Simplesmente decidi simplificar o processo mensal de investimento daqui para a frente.

☝️ Isto também é liberdade. 🔥

Qual a tua estratégia de investimento? Passiva ou ativa?

Disclaimer: A autora do blog Dama de Ouros não fornece recomendações ou aconselhamento financeiro. Todo o conteúdo presente neste blog tem apenas fins informativos e educacionais, sendo qualquer decisão de investimento da responsabilidade do leitor.

41 thoughts on “Porque escolhi investir apenas no VWCE

    1. Olá!

      O ETF que replica o índice FTSE Global All Cap tem volume baixo, TER superior e comissão de compra na Degiro.
      Não há uma diferença assim tão grande a nível de impacto em rentabilidades e diversificação pela adição de small cap, por isso preferi o VWCE 🙂

  1. Olá Fire!
    Bom post!
    Qual foi a razão de não teres optado pelo ETF com as small caps?
    Está relacionada com a diferença no TER ou no volume nos etf’s disponíveis?
    Obrigado!

    1. Olá!

      Bem, como disse no artigo só me cruzei com esse ETF quando estava a terminar esta análise por isso nem sequer analisei a fundo 😂
      De qualquer forma, não acho que justifique pagar a TER superior + comissão de compra, além de que o volume do ETF é ainda bastante baixo.
      O VWCE já replica quase a 100% o mercado global, as small cap são uma percentagem baixíssima e que dificilmente teria impactos nos resultados.

      Bons investimentos!

  2. Olá FIRE !

    Antes de mais um bom ano 😁😁

    Só para ver se entendi bem, o VWCE acaba por agregar o IWDA e o IEMA? Ou seja, numa estratégia em que o objetivo seja investir em todo o mundo mais nos mercados emergentes, faz sentido investir logo no VWCE ?

    Reparei que o VWCE é um ETF relativamente recente, isso não a faz ficar apreensiva ?

    Obrigada, mais uma vez, pelo conteúdo ! Venho aqui várias vezes para esclarecer dúvidas e tornar os pensamentos mais claros. Muito obrigada por isso

    1. Olá Maria!
      Desculpa, o teu comentário tinha ficado aqui por responder.

      Sim, o VWCE engloba o mundo inteiro. A menos que queiramos uma percentagem específica de mercados emergentes/desenvolvidos, é muito mais simples investir apenas num ETF e ficar logo exposto ao mundo inteiro.
      É um ETF recente mas tem já um volume considerável e é de um dos maiores fornecedores mundiais de fundos de índice. Por isso não há grandes preocupações nem de liquidez nem de “seriedade” do mesmo 🙂

      Muito obrigada pelo feedback 😁🔥

  3. Ola, pelo que vi esse ETF esta em dolares, como fazes para comprar? usas a opcao da degiro autoFx que converte automaticamente eur em usd para fazer a compra?
    Obrigado!

  4. Olá querida, obrigada por mais um artigo tão esclarecedor. Invisto no mesmo ETF mas versão distributiva, porque estou no estrangeiro e aqui é mais eficiente fiscalmente assim.
    Sabes dizer-me qual o rendimento do vwce desde a sua existência? Fiz pesquisa, mas não encontrei. Obrigada 😊

      1. Olá,

        Faria sentido vender os etf’s que já tens e aplicar esse montante no vwce por forma a maximizar o efeito dos juros compostos? Apesar da parte fiscal será que uma “bola de neve” maior tem mais retorno que várias mais pequenas?

        1. Olá!

          Isso não é matematicamente verdade.
          Ter 100€ no ETF A e 100€ no ETF B ou 200€ no ETF C geram exatamente o mesmo valor de juros compostos (assumindo que as rentabilidades são iguais, claro).
          Por isso não me faz sentido estar agora a perder os impostos, uma vez que não há nenhuma vantagem direta 🙂

  5. Olá, o facto deste ETF não ser de “full replication” não te deixa de pé atrás? Gostava de saber a tua opinião! Obrigada 🙂

    1. Olá!

      Não há grandes diferenças. Na prática, a rentabilidade é praticamente a mesma porque as empresas em que se investe representam quase a 100% o índice.
      A única diferença é o ETF investir em menos empresas do que o índice propriamente dito. Mas não adiciona risco algum, na minha opinião.

      Espero ter ajudado!

  6. Olá,
    Ainda muito novo nesta vida dos investimentos e só após ter lido um dos teus artigos é que dei conta que comprei um ETF da SXR8 na TDG (com uma comissão de 3,90€!!) quando podia ter sido na XET em que a comissão é muito mais baixa ou nula… O que aconselharias a fazer? Continuo na TDG ou começo “de novo” na XET?
    Obrigado! 🙂

    1. Olá Miguel!

      Não chamaria começar de novo, mas sim continuar. Nesse caso, faz mais sentido continuar no que for mais barato 🙂
      Aconteceu-me o mesmo. Comprava um ETF na bolsa EAM e depois percebi que era grátis na XET, então passei a comprar lá.

      Bons investimentos!

  7. Muito bom. Também tenho a mesma estratégia. Mas agora gostava de ter um ETF de renda fixa mas tenho muitas dúvidas, se tivesses algum em mente para ver agradecia. Obrigado e adoro as tuas publicações. Obrigado

    1. Olá 🙂
      Tenho uma dúvida em relação à compra e venda dos ETFs para simplificar a estratégia. Estou numa situação em que tenho 2 etfs mas para tentar simplificar, pondero investir só num deles. Ao vender as unidades de um para reforçar o outro dentro da corretora, terei sempre que declara-las e ser taxada a 28%? Ou esta questão fiscal só se aplica se fizer um levantamento?

  8. Ola,

    Estou a chegar a esta onda dos ETFS, e uma coisa que estou a gostar do teu trabalho é que me está a poupar algum tempo, dado que já passaste por alguns steps que eu queria evitar.
    Recentemente comprei este ETF na degiro (ISIN IE00BFMXXD54) para ir testando até ao fim do ano e 2024 vai ser o inicio em força. Fiquei um bocado escandalizado pelos 3 euros que me cobraram mas passou rapido.
    Vejo que com o passar dos anos, tens vindo a concentrar muito no VWCE e a fugir do SP500, são estratégias entendo, mas por algum motivo achaste o VWCE mais positivo que estar exposto ao SP500?
    Consegues me dizer o ISIN do VWCE em que investes?
    O que me causa alguma estranheza é as TER deste VWCE em comparação com o que decidi investir que falei anteriormente, contudo deve ter haver com a maturidade dos respetivos ETFS.

    Obrigado desde ja pela atenção.

    1. Olá!

      O motivo é o que expliquei neste post: diversificação.
      Todo o SP500 está incluído neste índice que compro agora, portanto continuo a ter exposição à américa. Simplesmente deixo de estar 100% exposta a apenas um país.
      É certo que os EUA têm dominado a economia global nos últimos anos, mas ninguém sabe se continuará a acontecer isso no futuro.

      O VWCE só tem um ISIN, por isso pesquisando pelo ticker consegues chegar ao mesmo ETF.

  9. Boa tarde
    Na questão do retorno do índice somos informados através do site da curvo que esse retorno anual foi de 8.61 entre Setembro de 2003 e Julho de 2023.
    Mas se escolhermos o VWCE temos a informação de que o CAGR é de 8.38 como mencionado na secção do “Summary” no entanto na zona referente ao “Impact of inflation” surgem dois valores um nominal e um real.
    A minha questão é qual o valor que aconselhas usar por forma a calcular o valor final de uma estratégia de Dollar cost averaging como forma de calcular os juros compostos.

    Obrigado

    1. Olá Vitor!

      Os ETFs nunca têm os mesmo desempenho dos índices que seguem, por dois motivos: o chamado tracking error (não é 100% igual ao índice, 100% do tempo) e as comissões de gestão (mesmo que sejam baixas, inferiores a 0,1%, têm impacto).

      Visto que os dados que referes são passados e as projeções para o futuro são desconhecidas, na verdade tanto faz. Acho que é só escolher uma taxa de rentabilidade qualquer, se calhar até mais conservadora (em vez de 8,61 ou 8,38, eu faço com 6 ou 7%), e fazer as simulações.
      A nossa rentabilidade real provavelmente nem será igual ao que os ETFS ou índices têm anualmente, porque isso depende do dia em que se faz o investimento, comissões de compra, etc.

      Não sei se ajudei ou confundi mais, mas se tiver ficado confuso diz-me pf e tento explicar melhor 🙂

  10. Olá Dama de Ouros, e muito obrigada pelo excelente artigo.

    Uma pergunta (e desculpa a ignorância).
    O ETF VWCE (ISIN IE00BK5BQT80) tem “USD” no nome. Porém, você disse que só investe em ETF em euro ( e eu gostaria de fazer o mesmo..) por isso estou confuso.

    O mesmo para IWDA, tem USD no nome..

    Poderia, por favor, clarificar?

    Obrigado!!
    Renato

  11. Olá,
    Porque razão não incluis algum ETF do S&P500 na tua lista de ETF se este tem uma rentabilidade mais alta?
    É certo que não ficas exposta como o ETF global, mas tem mais rentabilidade…
    Obrigado 🙂

    1. Olá!

      Eu já não vou enriquecer com as rentabilidades passadas, porque essas já passaram mesmo… Será que os EUA vão continuar a dominar o mundo? Talvez. Não faço ideia, não quero ter de pensar nisso 🙂

  12. Parabéns pelo artigo. O que acha do IUSQ em relação ao VWCE? Estou analisando qual dois dois eu devo colocar os aportes. Muito obrigado.

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