No dia 25 de julho partilhei um desabafo na newsletter relativo às coisas muito boas e muito más que estavam a acontecer na minha vida. Em áreas distintas, mas todas de alguma forma interligadas.
Hoje recebi uma mensagem a perguntar como tinha corrido a entrevista de emprego e lembrei-me que nunca mais dei feedback em nenhum destes temas, por isso vou então atualizar hoje o diário de bordo. 🫶
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A entrevista
Foi claro para mim que entrar neste processo de recrutamento era apenas uma forma de me afagar o ego, de mostrar que conseguia entrar numa empresa deste tipo. Tive 3 entrevistas, e apesar de saber que não seria para mim, fui na mesma, para ver até onde conseguia chegar.
Quando partilhei esta novidade, recebi muitos feedback que validaram a minha sensação inicial de que este novo emprego não se alinharia com o meu atual estilo de vida e ambições futuras.
- Conflitos de interesse. Partilharam comigo histórias absolutamente surreais, do género: trabalhas connosco por isso nem tu nem a tua família podem ter investimentos X, Y e Z.
- Condições mais apertadas na renda extra. Muitas das Big4 não vêem com bons olhos estes trabalhos paralelos, principalmente com exposição pública. A Catarina, do quericocasal, foi convidada a escolher entre o projeto da família e o trabalho na empresa.
- Foco na carreira. Há muitas pessoas que se esforçam seriamente para consolidar a sua posição e evoluir na carreira. O prémio do esforço (qualidade e quantidade) é recompensado. Faz sentido uma empresa que tem foco na reforma trabalhar numa empresa em que todos têm foco na carreira?
- Formalidade de tudo. Eu gosto muito de trabalhar de t-shirt, calças de ganga e sapatilhas. É esperada outro tipo de apresentação, em certos tipos de empresas e posições.
Agora, há uma coisa que quem convive comigo sabe bem mas que aqui pode não transparecer que é tão “grave”: eu tenho uma imensa dificuldade em dizer que não e sou extremamente indecisa.
Sou capaz de aceitar começar ou continuar algo que não quero só para não “desiludir” a pessoa/entidade a quem tenho de dizer que não. Como se eu fosse assim tão importante ou alguém quisesse saber, eu sei 😅 mas é daqueles traços de personalidade que estão inerentes e que tento combater, porque me prejudicam mais do que o que ajudam.
Depois de algumas entrevistas, em Agosto recebi uma chamada a dizer que a posição tinha mudado e que procuravam alguém já com muita experiência em auditorias. Eu sempre fui bem sincera desde o início, dizendo que gosto de aprender e aprendo rápido, mas que seriam mesmo assim águas desconhecidas para mim.
Fiquei feliz quando isto se resolveu sozinho e acabou tanto com a necessidade de tomada de decisão, como com o desconforto de dizer a dado momento que afinal não queria (a alguma das partes).
A lesão
Continuo a fisioterapia 3 vezes por semana e, apesar de estar longe de estar bem, noto melhorias significativas no dia-a-dia.
Como já tinha partilhado em julho, isto ajudou a tomar mais uma decisão na minha vida (adoro quando as coisas se resolvem sozinhas e não tenho de sofrer com isso 🫶). Já estava a considerar deixar o desporto federado, e isto foi a gota de água para perceber que é efetivamente o que tenho de fazer, e o melhor para mim a curto e longo prazo.
Não é uma decisão nada fácil e é um momento triste. São mais de 20 anos de rotinas, uma identidade que se perde. Já não somos atleta/jogador, já não pertencemos a uma equipa. Mesmo sabendo que é o melhor para mim, é difícil. Estou a ler agora o livro Desistir, que me está a deixar ainda mais em paz com a minha decisão.
O empreendedorismo
Isto não avançou nem um pouquinho. Deu origem a um artigo que tenho a certeza que é útil, onde resumi e apresentei todas as informações sobre apoios e auxílios no arranque de uma empresa.
Até dezembro, tenho o foco na escrita do próximo livro, que será entregue até ao último dia do ano. Ter deixado o desporto garante-me 12 horas extra por semana, o que também me ajudará aqui!
Depois disso, e porque não sei bem como vai ser a minha vida (tenho o meu subconsciente a dizer-me para entregar a carta de despedimento), provavelmente terei tempo para avançar com esta ideia que continua aqui na cabeça a maturar.
Concluindo
Nem tudo o que parece ser um avanço contribui para a jornada. É sempre necessário pensar no que se ganha, mas também em tudo o que se perde.
Nestes três temas, vou perder muita coisa, mas também vou ganhar outras que são bem entusiasmantes. Acredito que estas escolhas (que foram forçadas mas alinhadas com o que eu queria mas não tinha coragem de fazer) estão alinhadas com o que quero para a minha vida no futuro. Pode custar um pouquinho, mas é pelo melhor.
Identifico-me bastante com essa mentalidade de “bounce back” que aqui demonstras. Avanços e recuos vai sempre haver, o importante é usar tudo isso para alavancar mais e viver de forma alinhada com o que queremos! 😀
É mesmo isso. Não é um caminho linear, de todo. Faz parte 😁🙏
Por vezes, precisamos de um empurrão para iniciar a viagem que desejamos e ainda não tivemos a coragem de decidir. Foi o meu caso, aproveitei um despedimento coletivo e avançei como meu próprio negócio, do zero. O que não é claro neste caminho é o nr de vezes que precisamos de nos levantar, após cair, até conseguirmos atingir o que queremos. Foi um caminho longo de muita aprendizagem, com muitos erros e incertezas mas que hoje posso dizer – consegui em parte os meus objetivos.
No meu caso apesar de estar neste momento financeiramente mais instável face ao que poderia estar quando se trabalha por conta de outrem, é algo que com o tempo nos habituamos e que começa a ser o normal. Mas mais importante foi o que conquistei, liberdade e tempo, tempo para mim e para os filhos, para me dedicar ao que eu quero. Entretanto conheci o movimento FIRE que, apesar da minha idade, acho o conceito muito interessante e cujo processo requer também muita disciplina e resiliência tal como ser empreendedor. O próximo objetivo será a minha semana de 4 dias. Por vezes penso que já atingi o FIRE de uma forma disfarçada :P.
Humberto.
FIRE é sobre liberdade, e pelo que dizes já conquistaste a tua 🙂
Força nessa jornada!