A Mintos* é a plataforma de P2P mais antiga do meu portefólio. Invisto desde 2019 e tenho reforçado continuamente ao longo dos anos.
Sei que P2P tem má fama por causa de muitos maus exemplos que foram existindo ao longo dos anos, mas esta é um exemplo perfeito de que este tipo de investimento pode ser sério e realmente rentável. O que mais gosto neles (além dos belos juros) é que estão constantemente a melhorar e a reinventar-se:
- Começaram com os empréstimos típicos, em 2014, que sobreviveram muito bem à grande crise de 2020;
- Tornaram-se plataforma regulada, precisamente para combater o mau nome das P2P, em 2021;
- Adicionaram Obrigações (Bonds) ao portefólio de investimentos possíveis;
- Adicionaram ETF ao leque de ofertas;
- Adicionaram investimento imobiliário às possibilidades de investimento;
- O site passou a estar disponível em português, desde outubro passado.
Por este motivo, quebrei a minha regra de “não investir em ações individuais” para comprar um pedacinho da empresa, na sua campanha de crowdfunding realizada através da plataforma Crowdcube em abril deste ano.
Todos os desenvolvimentos na plataforma e a minha experiência como utilizadora fizeram-me querer ser acionista da mesma.
Os meus números
A partir de dezembro deixarei de receber um salário. Despedi-me para me dedicar em exclusivo à escrita e os rendimentos serão muito incertos. É possível que os valores recebidos não sejam suficientes para pagar as despesas, por isso preciso de um escudo de retornos que me permita colmatar as falhas em caso de necessidade.
A minha conta na Mintos tem, à data de hoje, 6316€. Dois terços estão alocados aos típicos empréstimos, 24,4% a obrigações, 6% a ETF e 2,4% em imobiliário.
A título de exemplo deixo aqui os resultados do último mês completo – outubro de 2024. Recebi um total de 54,92€, para os tais 6316,39€ acumulados – um retorno de 10% anual.
Este ano, até à data de hoje, recebi 615,16€ de juros e rendimentos dos investimentos imobiliários detidos.
Em 2023, apenas com empréstimos (as novidades surgiram praticamente todas em 2024), as contas tinham ficado assim: 556,85€ de juros, no total.
Um dos maiores riscos do investimento em P2P são os atrasos e incumprimentos. Na Mintos, graças às estratégias de proteção do investidor existentes, são um mal menor: os atrasos são pagos com juros (ninguém é prejudicado por isto) e o mecanismo de buyback garante a recompra de empréstimos em incumprimento ou com atrasos muito elevados.
Deixo abaixo um artigo que explica precisamente o que acontece com os pagamentos em atraso.
O tal escudo de retornos
O meu objetivo com a saída do meu emprego como engenheira é viver a vida 100% de acordo com os meus valores e vontades, com liberdade para decidir o máximo na minha vida.
Eu preciso de segurança para sentir liberdade. Ter este tipo de incerteza financeira cortar-me-ia significativamente a felicidade e paz de espírito. Para viver assim, preferia mil vezes continuar a trabalhar.
Consegui um compromisso entre FIRE barista e flamingo: os rendimentos ativos idealmente cobrirão as despesas mas, caso não sejam suficientes, tenho alternativas para salvaguardar.
As prioridades de utilização de dinheiro são, então:
- Rendimentos do trabalho ativo
- Juros e dividendos recebidos
- Dinheiro armazenado para cobrir despesas (tenho 12.000€ a render 3,25% na Trade Republic)
Se os rendimentos do trabalho ativo cobrirem as despesas, reinvisto os juros e dividendos como fiz até então. Se não forem suficientes, posso utilizar esse valor que cai mensalmente nas plataformas e pode ser transferido diretamente para a minha conta, para então pagar despesas.
Há uns tempos fiz uma análise de ETF distributivos que poderiam contribuir positivamente para estratégia, que tivessem altos “dividend yield”, ou seja, taxas de juros/dividendos. Consegui encontrar boas opções, com taxas de 4-7%.
Apesar de os riscos serem diferentes, as rentabilidades entre esses ETF e algumas plataformas de P2P também o são. Para os meus gostos pessoais e perfil de investidora, ter cerca de 20% do meu portefólio em P2P faz todo o sentido: 10-15% de juros contribuem positivamente para esta minha estratégia de proteção e é um ativo do qual gosto bastante.
Na Mintos, em particular, estes ~6000€ investidos permitem-me receber ~60€/mês. São cerca de 5% das minhas despesas que podem ser cobertos exclusivamente pelos juros recebidos aqui. Contas de eletricidade e água asseguradas, menos um problema 🙏
E se ganhar mais?
Há também outra possibilidade que estou a ignorar nestas contas e planos: nesta nova fase, ganhar mais dinheiro que o que preciso para pagar as despesas.
Nesse caso, best scenario ever (!), poderei continuar a reforçar os meus investimentos
Outras coisas – estar atento a:
Se investes na Mintos, fica atento às campanhas existentes. Há muitos fornecedores de empréstimos que, por períodos limitados de tempo, fazem campanhas para aquisição de investidores.
No exemplo que deixo abaixo é possível receber automaticamente um cashback de 5% do valor investido caso se cumpra com as condições da campanha. É sempre preciso inscrever na campanha antes de fazer o investimento, para ser validado.
Próximos passos
Eu estou a tentar antecipar todos os cenários que consigo imaginar para esta nova fase da minha vida. Na verdade, não tenho como imaginar como vai correr. Vou conseguir multiplicar rendimentos, agora que tenho tempo para me dedicar a sério a isto? Vão-se manter? Vai haver meses em que me vou arrepender das decisões?
Temos de esperar para ver, já não falta muito para poder ver o que vai acontecer, na prática. 🙃
Estou também a repensar que tipo de informação pode ser útil monitorizar daqui para a frente e que alterações podem ser feitas para dar ainda mais robustez à minha posição.
Quanto às partilhas, penso que seria interessante começar a detalhar:
- juros e dividendos provenientes do tal escudo de retornos
- rendimentos recebidos
- comparação das minhas despesas: trabalhador por conta de outrém vs. conta própria
- impostos pagos
Quanto à robustez:
- procurar novas P2P, para aumentar a diversificação. Adoro a Mintos e muitas outras nas quais invisto, mas se há ativo em que a frase “não ponhas todos os ovos no mesmo cesto” faz sentido, é este. Ideias? (este mês comecei a experimentar a Heavy Finance* – financiamento de agricultura e projetos de captura de carbono. Quem me segue há algum tempo, sabe que não resisto a projetos que envolvam finanças e sustentabilidade)
- Fazer uma lista de atividades que posso fazer como renda extra (vou inspirar-me no conteúdo do Curso de renda extra* da Margarida – custa 8€, mas pode valer muito mais ou muito menos, depende do trabalho que nós escolhermos aplicar depois eheh), para complementar os rendimentos que tenho atualmente, caso seja necessário.
Há algo mais que gostarias que partilhasse nesta nova fase?
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Disclaimer: A autora do blog Dama de Ouros não fornece recomendações ou aconselhamento financeiro. Todo o conteúdo presente neste blog tem apenas fins informativos e educacionais, sendo qualquer decisão de investimento da responsabilidade do leitor.
Olá!
Só deixar a minha experiência com os mecanismos de buyback da Mintos.
Tenho cerca de 350€ em default (estes nunca mais os vou ver).
E cerca de 650€ em Overdue há 3 anos +-. Também já perdi a esperança por estes. É possível que apareça o buyback, mas o prazo não é pequeno.
Olá!
Por acaso não coloquei esses números no artigo, mas os meus são:
– 596,21€ overdue
– 1328,15€ recovered
O número que analiso é o “net annual return”, que desconta todos esses problemas e dá o retorno real recebido tendo em conta todos os atrasos e incumprimentos, e essa está em 13,01%.
Sobre esses atrasos, não estás a receber juros?
Confesso que não sigo bem o detalhe dos juros. Mas a minha questão era mais sobre a obrigação do buyback, que não é assim tão certa como se pensa (ou pode levar anos). E a correspondente perda do capital investido, que como disse já me aconteceu com defaults.
Também olho para o annual return, e não está mau, mas uma coisa é o dinheiro desvalorizar, outra é ele desaparecer.
Estou só a falar da minha história, não estou a criticar nada as tuas estratégias (até porque me inspiram 🙂 ), até porque entrei na Mintos em 2016 e ainda não saí.
Eu não levei nada como crítica, tranquilo! Eheh
Não tinha percebido que era sobre buyback, mas ainda assim o que disse mantém-se: acho que desde que o lucro real efetivo esteja dentro dos valores que fazem sentido para nós, então está tudo certo (porque todos esses atrasos, falhas e etc já foram deduzidos desse valor final)