Hoje perpetuo aqui, para futura referência, a resposta a uma questão que me colocam quase diariamente: “O que acontece quando há um atraso de pagamento numa plataforma P2P?“
Antes de mais: o que é P2P/crowdlending?
Quando me cruzei pela primeira vez com este novo mundo, dos investimentos, tive imensa dificuldade em compreender o que era uma ação, um ETF, um dividendo. Bolsa de valores, ordens de mercado, TER, custo de conectividade… Tudo me parecia completamente inalcançável sem um curso de economia!
O conceito das P2P, pelo contrário, foi simples de entender e assimilar, por isso foi neste tipo de ativos que comecei a minha jornada de investidora.
Como é que ganho dinheiro com P2P/crowdlending?
Empresto o meu dinheiro a uma pessoa/empresa. Essa pessoa/empresa devolve-me o valor que eu emprestei mais o valor de juros, conforme condições previamente acordadas (duração do empréstimo, taxa de juro, plano de pagamentos, etc.).
A única coisa que poderia deixar algumas dúvidas era a forma de pagamento dos juros, porque realmente cada empréstimo pode ter condições diferentes, mas como é uma questão de matemática (e com esses tópicos já estava familiarizada), acabei por ficar imediatamente fã.
Se tens dúvidas no cálculo dos juros vê este artigo e este também, ambos com exemplos práticos.
Além da simplicidade do processo, gostei também do facto de conseguir, com este tipo de investimento, receber juros mensais. Tendo como objetivo a independência financeira, fazia todo o sentido ter estes rendimentos periódicos a cair na conta.
Com taxas de juro de ~10%, precisaria de “apenas” de 120.000€ investidos para receber, sem qualquer tipo de trabalho, 12.000€ por ano em juros (1000 €/mês, valor bruto).
Qual o risco de investir em P2P?
Lendo o que escrevi antes, a questão óbvia que surge é: porquê investir em outros tipos de ativos se com este é possível ter este tipo de resultados? Pelos riscos que estão associados. E, claro, por diversificação.
Neste tipo de investimento temos, por um lado, o risco da pessoa/empresa a quem emprestamos o nosso dinheiro declarar falência ou não cumprir as suas obrigações, e, por outro lado, o risco das próprias plataformas que servem de intermediário.
Em 2019, no início da minha jornada, comecei a investir na Mintos, Crowdestor, Grupeer e Raize. Entretanto acrescentei outras plataformas ao meu portefólio (Peerberry, Robocash, Estateguru e Goparity), mas das quatro iniciais apenas continuo a reforçar uma (Mintos).
Na Crowdestor tenho 78% dos projetos em atraso (wow), a Raize mudou as regras a meio do jogo, o que me fez perder total confiança.
A Grupeer foi o concretizar dos medos de todos os investidores de P2P: em abril de 2020 congelaram as contas e tudo indica que tudo fosse um esquema. O site continua opcional e de vez em quando atualizam o blog (lol), mas desde o ano passado dou esse dinheiro como perdido (~2000€).
Enquanto que atrasos e até incumprimentos em alguns empréstimos individuais são expectáveis, a fraude por parte da plataforma é algo que não devia acontecer.
Várias plataformas estão a fazer pressão nas próprias entidades reguladoras dos seus países para permitir o licenciamento e supervisão das suas atividades, porque entendem que as más experiências descredibilizam não só a sua própria empresa, mas toda a indústria.
A Mintos, por exemplo, é licenciada pela FCMC desde 2021. Isto implica que é obrigada a seguir certas regras e procedimentos, e que é auditada com frequência, para garantir que tudo está dentro dos conformes.
Também a Goparity é regulada pela CMVM, o organismo responsável em Portugal.
Apesar de os atrasos e incumprimentos nos projetos continuarem a poder acontecer (vão acontecer), o risco da própria plataforma intermediária é consideravelmente inferior nestes cenários. A supervisão implica o cumprimento de certos critérios e transparência nos seus números e atividades, o que reduz o risco de fraude.
O que acontece quando há um atraso?
Os atrasos são normais e temos de saber que eles podem e vão acontecer.
O que também esperamos das P2P é que o retorno dos projetos devidamente pagos seja suficiente para, em conjunto com estes atrasos e incumprimentos, obtermos uma rentabilidade com a qual estejamos satisfeitos e que apresente uma boa relação risco/recompensa.
Exemplo da Mintos
Na Mintos é possível ver qual o valor em atraso (por número de dias) e, para cada um deles, a quantidade em atraso de cada empresa de créditos.
Os juros sobre empréstimos em atraso começam a ser pagos ao final de 11 dias fora do prazo. A taxa cobrada é 20% superior à do empréstimo em questão. (explicado neste artigo).
Em abril, recebi 1,90 € de juros sobre empréstimos em atraso.
Sobre a Mintos
A Mintos* foi fundada em 2015 e é uma das maiores empresas de crowdlending da Europa. Invisto nesta plataforma desde 2019, e continua a ser uma das minhas preferidas.
Atualmente o investimento mínimo é de 50 €, através de Notes, que são no fundo cabazes de vários empréstimos. Apesar de o investimento mínimo ser alto, a diversificação e grande.
A Mintos oferece um bónus de registo através de link, conforme explicado abaixo:
Outros artigos já publicados sobre a Mintos:
Primeira review da plataforma – publicada em maio de 2021
Novidades sobre a nova regulamentação – o que muda com a regulamentação
Notes na Mintos – como funciona agora o investimento na Mintos, desde as mais recentes alterações
Exemplo da Goparity
A Goparity é a empresa com maior comunicação a nível de atrasos (chamam-lhes incumprimentos). Desde que não tenhamos anulado a autorização para comunicarem connosco (confirma em Profile -> Settings -> E-mail notifications), somos informados de tuuuudo o que se passa!
Sempre que há um atraso, recebemos um e-mail a informar o sucedido e respetivo plano de ação (se aplicável). Assim que os pagamentos são regularizados, recebemos novamente um e-mail com essa indicação.
Por cada atraso, ocorre sempre o pagamento de juros, calculados de acordo com o explicado aqui. O atraso começa a ser pago desde o primeiro dia de atraso, à taxa fixa de 4% anual (calculada diariamente).
Através de Main Wallet -> Latest activity -> Export All é possível receber num e-mail um ficheiro Excel com todas as transações realizadas.
Colocando um filtro no projeto em análise – Circular Smartphones – , facilmente identifico o valor que efetivamente recebi em “Default Interest” (Juros de atraso). Assinalei a verde o pagamento correspondente ao e-mail acima.
Sobre a Goparity
A Goparity* é uma empresa de crowdlending fundada no Porto em 2017, cujos projetos financiados estão alinhados com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas.
O investimento mínimo é de apenas 5 €, por isso está mesmo ao alcance de todos multiplicar o seu dinheiro e causar um impacto positivo no planeta. Além do investimento mínimo ser baixo, para permitir o acesso de todos, a Goparity ainda oferece 5€ para começar a utilizar a plataforma, caso o registo seja efetuado com link ou código promocional. Experimenta o código FIRE5 ou clica no link abaixo, se quiseres experimentar.
Outros artigos já publicados:
Primeira review da plataforma – publicada em julho de 2021
Evento no Porto – o relato de um dos eventos presenciais realizados pela Goparity
FAQ Goparity – as questoões que mais me colocam sobre esta plataforma
Como automatizar a 100% os investimentos – passo a passo para criar uma estratégia automatizada de investimento
Review atualizada da Goparity – artigo publicado em fevereiro de 2023, com o meu feedback como utilizadora da plataforma há quase dois anos
Conclusão
Apesar de num mundo ideal não haver atrasos, no mundo real eles acontecem. Com estes mecanismos de pagamento de juros sobre os atrasos, os investidores acabam por não ser assim tão prejudicados, quando estes acontecem.
Qualquer pessoa que inicie o seu investimento em P2P (ou qualquer outro tipo de investimento, ma verdade), tem de estar ciente dos riscos que esse tipo de ativo tem associados.
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Disclaimer: A autora do blog Dama de Ouros não fornece recomendações ou aconselhamento financeiro. Todo o conteúdo presente neste blog tem apenas fins informativos e educacionais, sendo qualquer decisão de investimento da responsabilidade do leitor.
Olá,
Relativamente aos juros dos empréstimos em atraso na Mintos, eu diria que o acréscimo de 20% se aplica apenas aos empréstimos pendentes, e não aos que estão em atraso.
Olá!
São coisas diferentes e com taxas também diferentes. Os 20% são efetivamente dos pendentes, a taxa dos atrasos é variável entre empréstimos, mas tipicamente também ronda esses valores 🙂